Friday, May 25, 2007

AULA 21: O SPIN DOCTOR E A FORMA COMO MANIPULA

Existem muitas definições para caracterizar um spin doctor, isto é, um mestre da manipulação.Um spin doctor é uma pessoa que trabalha na área de relações públicas e que, realizando certas funções e reunindo certas características, se pode designar como tal. As suas acções são secretas e “não olha a meios para criar factos a fim de satisfazer o seu cliente”.

Não se designa por assessor de imprensa e é uma pessoa que não olha a meios para alcançar os objectivos previamente estipulados e persuadir os jornalistas e a opinião pública. O spin opta sempre pela descrição pois não pode apregoar publicamente o que faz. Não deixa impressões digitais e não contacta directamente com a comunicação social. Normalmente é um ex-jornalista, ex-político ou ex-publicitário."Em Portugal, o chamado spin doctor ainda é uma espécie de avis rara".

Uma das suas mais peculiares aspirações à fama provinha da afirmação de que o «spin» podia provocar a ocorrência de um acontecimento antes dele ter acontecido. Parte da arte do «spin» consistia em usar contactos seleccionados e fugas de informação para provocar a cobertura na imprensa e na rádio ou em espectáculos televisivos antes da publicação de algo arriscado – por exemplo, um relatório crítico ou números pouco precisos sobre a economia”. (HARTLEY, John, Comunicação, Estudos Culturais e de Media, Quimera, Lisboa, 2004, págs. 27 e 28).

No fundo, aconselha e constrói a opinião, as ideias e a imagem do candidato em causa, recorrendo a grupos de controlo (focus group) e sondagens. “Por mais respeito intelectual que os spin doctors possam merecer, convém ter-se presente que a sua função é a de condicionar os fluxos de informação de forma a criar uma atmosfera mediática favorável aos interesses dos governos.” (Luís Nazaré, em “O marketing e a política”).

Estes inventores de planos gladiam-se então por criarem modificações no curso natural das coisas.Um exemplo é o caso do democrata Michael Dukakis que, em 1998, seguia à frente nas sondagens contra Bush pai. “Os spin doctors de Bush, dirigidos por James Baker, futuro secretário de Estado, desencantam o fait-divers ideal: Willie Horton, um negro condenado por violação e assassínio, aproveitou um ‘fim-de-semana de liberdade condicional’ para apunhalar e violar. Passou-se isso no Massachusetts, de que Dukakis era governador. Pouco importava que o ‘fim-de-semana’ tivesse sido concedido pelo seu antecessor republicano. Largamente difundida na campanha, a notícia deste acontecimento iria desacreditá-lo de todo”. (Revista Visão, 13 de Novembro de 2003 – Os Mestres da Manipulação, pág.86)

O jornalista Howard Kurtz publicou em 1998 o livro “Spin Cycle” sobre todo o processo que envolve a divulgação de notícias na Casa Branca. As conferências de imprensa e os briefings são, no livro de Kurtz, o lugar onde se travam os “combates” diários entre os jornalistas e os assessores. Kurtz revela como a administração de Clinton usa as fugas de informação, como os tempos e o ritmo de difusão da informação são meticulosamente estudados e as palavras cuidadosamente escolhidas, como se evitam respostas a questões embaraçosas com o objectivo de controlar o enquadramento e o conteúdo das primeiras páginas dos jornais e dos principais noticiários televisivos para proteger o Presidente.” (SERRANO, Estrela, “Howard Kurtz, Spin Cycle” Escola Superior de Comunicação Social).

“(…)a televisão permite aos candidatos e aos eleitos falarem directamente aos eleitores. Daí a ideia de lhes enviar mensagens formatadas como publicidade, testadas por sondagens, avaliadas em grupos de ensaio e permanentemente recicladas por um exército de consultores oriundos da publicidade e cada vez com mais dinheiro.” (Jean-Gabriel Fredet, Os mestres da manipulação, Visão, 13 de Novembro de 2003).

Esta afirmação consolida a ideia de que principal função de um spin será a de manipular a informação criando mensagens (frases ‘assassinas’;soundbites) e casos fictícios, com o objectivo de influenciar até grupos de decisão como o parlamento. Isto porque é alguém que tem ligação directa com o poder utilizando a campanha negra.Daí concluirmos que o spin se baseia na manipulação ilegítima pois pode sobrepor a mentira ou mesmo deixá-la dominar.

Podemos então resumir todo o ambiente de um spin à arte de manipular, pois inventam histórias para desviarem atenções, enganam o adversário e criam manobras de diversão. Não contactam directamente com os jornalistas evidenciando-se pela discrição. Escolhem ainda parte da realidade para servir determinados interesses, ameaçando. Alimentam ‘oportunamente’ a Comunicação Social, isto é, mentem, jogam sujo. ISTO É MANIPULAÇÃO ILEGÍTIMA.

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