Monday, June 4, 2007

AULA 23: A POSIÇÃO DE KARL ROWE

Karl Rowe é considerado o “cérebro de Bush”, pois executa as funções de um spin doctor legítimo sendo um conselheiro pessoal eficaz, influente e silencioso!
Karl Rowe é o menino bonito de Bush. Se tem reputação de ser mais poderoso do que o patrão, é porque fez entrar a Comunicação política numa nova era. Homem do pormenor e especialista em golpes baixos, é o pioneiro das novas tecnologias.” Pode mesmo dizer-se que
George W. Bush é Presidente dos EUA devido a Rowe.

Existem alguns casos que envolvem este estratega:

1."Washington Post", 13 de Março de 2006. Os principais protagonistas são o presidente Bush e o seu conselheiro pessoal, Karl Rowe, entre outros consultores da Casa Branca:

KARL ROWE: “Mr. President, we need to develop an exit strategy for our forces in Iraq ASAP. Otherwise we'll be caught in the middle of a civil war between the Shiites and the Sunnis”.
PRESIDENT BUSH: “How do you expect me to break this to the media and the American people after saying we're in this War on Terrorism for the long haul? It'll make me look like I've got no meatballs between my legs”.

KARL ROWE: “We've got to try and set up this puppet regime ASAP and then put on the vanishing cream. Otherwise the GOP is up shit creek without a paddle in 2008. Our deficit has ballooned to $175 trillion with no end in sight. It's a hole we can't dig ourselves out of (…) Hail to the Chief"!

2.The Bush administration is said to have a new playbook, with a more inclusive attitude toward critics and an openness to skeptical debate:
"They may be with you for the first shots," Rove said of such opponents. "But they're not going ... to be with you for the tough battles."

Rove made similarly blunt points about the war. He defended the administration's decision to invade Iraq by laying out Saddam Hussein's "vital interest" in acquiring advanced weapons technology.

"We were absolutely right" to remove him, Rove said of the former leader. He added, "We have no excuses to make for it."
Rove singled out Kerry by reading quotes from before the war in which the senator expressed support for an invasion, and then making a joke about him being for the invasion before he was against it.


Há muitas outras situações em que Karl Rowe apenas empresta a sua defesa de Shaggy:Não fui eu”. Apesar das negativas cada vez mais violentas surgindo da Casa Branca, acredita-se muito que Rowe esteja por trás do vazamento de informações, pois toda informação é mantida “a la Great Carnac”, em um vidro de maionese hermeticamente fechado na varanda de Karl Rowe (que ainda quer dizer a Casa Branca).Ou mesmo mostrar que os eleitores de Bush precisam de um “empurrãozinho”: Depois da última eleição, Rowe notou que 4 milhões de conservadores evangélicos não votaram.Com um presidente como George W. Bush, Rowe julga que é mais fácil empolgá-los do que empolgar os eleitores indefinidos, para quem a visão de Bush de que as pessoas "estão connosco ou estão contra nós" pode ser difícil de aceitar.

AULA 22: AS MANOBRAS DE BREAN E OS ESTRATEGAS DE IELTSIN








No filme MANOBRAS DA CASA BRANCA, o presidente dos Estados Unidos vê-se envolvido num escândalo sexual, isto a onze dias antes das eleições que já o anteviam como vencedor.
Com isto, colocava-se o objectivo de conseguir a reeleição do presidente distanciando todos do escândalo sexual. Para tal, foi chamado o “mr. fix it”, um spin doctor. Conrad Brean começa por adiar a chegada do presidente, que se encontrava em visita oficial à China, para poderem engendrar um plano para a conferência de imprensa sobre o escândalo sexual. Revelam então que o presidente está doente. Assim, conseguem distrair a opinião pública e minimizar os efeitos da campanha negativa lançada pelo senador Neal, líder da oposição.
Todavia, era necessário distrair os media por mais alguns dias, até à eleição, e Brean decide “inventar” uma guerra fictícia que durante duas semanas é acompanhada pelos telejornais norte-americanos. A Albânia é escolhida como “palco” da história: “terroristas albaneses colocaram uma mala-bomba no Canadá”. Sai então a notícia e entram em guerra.
Contudo, a CIA descobre a realidade e faz sair a notícia de que a guerra havia terminado pacificamente. Ainda faltavam alguns dias para as eleições e a “equipa” do presidente lança uma nova notícia: “soldado americano fica na Albânia”, divulgando a imagem de um jovem com rasgos na camisola que supostamente quereriam dizer em código morse. Depois deste segundo boato, o candidato avança com uma vantagem de 86%, acabando mesmo por vencer as eleições com larga maioria.

Podemos então concluir que o spin doctor do presidente conseguiu realmente captar a atenção dos media para si e para o empenho do seu governo em salvar os americanos e manter a paz em detrimento da divulgação do escândalo sexual.



Existem, portanto, pontos em comum entre Conrad Brean e os consultores de Ieltsin (George Gorton, Dick Dresner e Joe Shumate):

1.Os dois filmes são produções baseadas em factos reais, onde são chamados estrategas com o intuito de mudarem a imagem do presidente, apesar do filme Manobras da Casa Branca apenas nos remeter para o caso Mónica Lewinsky e não dar o episódio como confirmado.

2.Tanto Brean como os três spin doctors de Ieltsin são contratados para garantirem a reeleição do presidente, sendo que nenhum tem contacto directo com o próprio. O presidente não mostra a cara ao longo do filme.

3. Os consultores utilizam, durante as duas películas, focus group e soundbites. A campanha negativa também está presente, sendo que neste filme é feita, inicialmente, pelo senador Neal, da oposição, mudando a favor do presidente que tem por trás Brean. No Boris também temos alguns casos.

4.É implementado sempre algo fictício, como é o caso da “guerra criada” por Conrad Brean para desviar as atenções do escândalo sexual decorrido na Casa Branca e da mudança de aparência de Boris Ieltsin, sugerida pelos seus três conselheiros, passando este a mostrar-se mais sorridente e comunicativo com os seus eleitores beijando as crianças e plantando uma árvore.

5. Há manipulação da realidade a fim de desviar as atenções dos media e, ao mesmo tempo, distrair a opinião pública, tanto que no Wag the Dog é bem explícita a expressão de que “é verdade porque passou na televisão”. É bem demonstrada a necessidade de controlar uma sociedade, objectivo concretizado no final com a vitória das eleições presidenciais tanto num caso como no outro.

Friday, May 25, 2007

AULA 21: O SPIN DOCTOR E A FORMA COMO MANIPULA

Existem muitas definições para caracterizar um spin doctor, isto é, um mestre da manipulação.Um spin doctor é uma pessoa que trabalha na área de relações públicas e que, realizando certas funções e reunindo certas características, se pode designar como tal. As suas acções são secretas e “não olha a meios para criar factos a fim de satisfazer o seu cliente”.

Não se designa por assessor de imprensa e é uma pessoa que não olha a meios para alcançar os objectivos previamente estipulados e persuadir os jornalistas e a opinião pública. O spin opta sempre pela descrição pois não pode apregoar publicamente o que faz. Não deixa impressões digitais e não contacta directamente com a comunicação social. Normalmente é um ex-jornalista, ex-político ou ex-publicitário."Em Portugal, o chamado spin doctor ainda é uma espécie de avis rara".

Uma das suas mais peculiares aspirações à fama provinha da afirmação de que o «spin» podia provocar a ocorrência de um acontecimento antes dele ter acontecido. Parte da arte do «spin» consistia em usar contactos seleccionados e fugas de informação para provocar a cobertura na imprensa e na rádio ou em espectáculos televisivos antes da publicação de algo arriscado – por exemplo, um relatório crítico ou números pouco precisos sobre a economia”. (HARTLEY, John, Comunicação, Estudos Culturais e de Media, Quimera, Lisboa, 2004, págs. 27 e 28).

No fundo, aconselha e constrói a opinião, as ideias e a imagem do candidato em causa, recorrendo a grupos de controlo (focus group) e sondagens. “Por mais respeito intelectual que os spin doctors possam merecer, convém ter-se presente que a sua função é a de condicionar os fluxos de informação de forma a criar uma atmosfera mediática favorável aos interesses dos governos.” (Luís Nazaré, em “O marketing e a política”).

Estes inventores de planos gladiam-se então por criarem modificações no curso natural das coisas.Um exemplo é o caso do democrata Michael Dukakis que, em 1998, seguia à frente nas sondagens contra Bush pai. “Os spin doctors de Bush, dirigidos por James Baker, futuro secretário de Estado, desencantam o fait-divers ideal: Willie Horton, um negro condenado por violação e assassínio, aproveitou um ‘fim-de-semana de liberdade condicional’ para apunhalar e violar. Passou-se isso no Massachusetts, de que Dukakis era governador. Pouco importava que o ‘fim-de-semana’ tivesse sido concedido pelo seu antecessor republicano. Largamente difundida na campanha, a notícia deste acontecimento iria desacreditá-lo de todo”. (Revista Visão, 13 de Novembro de 2003 – Os Mestres da Manipulação, pág.86)

O jornalista Howard Kurtz publicou em 1998 o livro “Spin Cycle” sobre todo o processo que envolve a divulgação de notícias na Casa Branca. As conferências de imprensa e os briefings são, no livro de Kurtz, o lugar onde se travam os “combates” diários entre os jornalistas e os assessores. Kurtz revela como a administração de Clinton usa as fugas de informação, como os tempos e o ritmo de difusão da informação são meticulosamente estudados e as palavras cuidadosamente escolhidas, como se evitam respostas a questões embaraçosas com o objectivo de controlar o enquadramento e o conteúdo das primeiras páginas dos jornais e dos principais noticiários televisivos para proteger o Presidente.” (SERRANO, Estrela, “Howard Kurtz, Spin Cycle” Escola Superior de Comunicação Social).

“(…)a televisão permite aos candidatos e aos eleitos falarem directamente aos eleitores. Daí a ideia de lhes enviar mensagens formatadas como publicidade, testadas por sondagens, avaliadas em grupos de ensaio e permanentemente recicladas por um exército de consultores oriundos da publicidade e cada vez com mais dinheiro.” (Jean-Gabriel Fredet, Os mestres da manipulação, Visão, 13 de Novembro de 2003).

Esta afirmação consolida a ideia de que principal função de um spin será a de manipular a informação criando mensagens (frases ‘assassinas’;soundbites) e casos fictícios, com o objectivo de influenciar até grupos de decisão como o parlamento. Isto porque é alguém que tem ligação directa com o poder utilizando a campanha negra.Daí concluirmos que o spin se baseia na manipulação ilegítima pois pode sobrepor a mentira ou mesmo deixá-la dominar.

Podemos então resumir todo o ambiente de um spin à arte de manipular, pois inventam histórias para desviarem atenções, enganam o adversário e criam manobras de diversão. Não contactam directamente com os jornalistas evidenciando-se pela discrição. Escolhem ainda parte da realidade para servir determinados interesses, ameaçando. Alimentam ‘oportunamente’ a Comunicação Social, isto é, mentem, jogam sujo. ISTO É MANIPULAÇÃO ILEGÍTIMA.

AULA 20: CARRILHO SOB O SIGNO DA VERDADE

Manuel Maria Carrilho acusou alguns órgãos de Comunicação SociaL de exercerem um “poder opaco” e “impune”. Na apresentação do livro ‘Sob o Signo da Verdade’, o ex-candidato socialista à Câmara de Lisboa apontou o dedo à Imprensa, acusando-a de ter “substituído a verdade pela mentira intencional”.

"Fonte, facilitadora, parceira, intermediária. Assim se definem as empresas, mais conhecidas por agências, de comunicação que prestam, entre outros serviços, a tão falada assessoria mediática. Uma visão contrária à defendida por Manuel Maria Carrilho, que no seu livro Sob o Signo da Verdade acusa uma desta empresas - Cunha Vaz & Associados - de lhe ter oferecido os seus serviços, em que incluía a compra de jornalistas, aquando da sua corrida à presidência da Câmara de Lisboa. Carrilho não aponta nomes e, consequentemente, vê a sua acusação desvalorizada. Porém, a mesma caiu como uma bomba entre jornalistas e agências de comunicação, levantando uma série de questões: Que papel têm estas empresas que contactam todos os dias com os jornalistas? São "as novas” fontes? Influenciam os jornalistas a ponto de os comprar? Como é feita essa gestão de interesses contraditórios?"
O livro coloca então em causa jornalistas e agências de comunicação depois de António Cunha Vaz, presidente de uma empresa do ramo, argumentar que “tudo se compra”, expressão incitada por Emídio Rangel, da SIC, quando diz que: "há jornalistas que se "vendem e prostituem na praça pública' e que trabalham com avenças de agências de comunicação que tudo compram".


Sob o Signo da Verdade relata ainda inúmeros episódios em que certos jornalistas terão desvirtuado palavras e actos de Carrilho, ou interpretado erradamente as acções de campanha em que participou. Alguns destes casos relevam desonestidade intelectual, por exemplo o título em que lhe é imputada a afirmação de que "os jornalistas são débeis mentais" ou o comentário irónico da repórter da SIC sobre o filho do candidato, no dia das eleições. Certas críticas dirigem-se a manifestações de opinião de colunistas. Outras ainda respeitam à incapacidade de políticos e jornalistas se entenderem acerca da indecisa fronteira entre o público e o privado (mas esta não é uma maleita lusitana...).

No livro, reafirma que: "tudo é citado, mas não falo de uma cabala, não é uma conspiração, é sim um conjunto de factores”.… "A manipulação de comportamento existe. O Jornalista não controla o que escreve, tem repercussões; é necessário aumentar a responsabilização dos que fazem jornalismo. A auto-regulação é a mais desejável, mas não a mais aconselhável", prossegue.Para ele, existem quatro soluções: os Jornalistas passarem por um registo de interesses, o largamento do registo de comentadores e analistas de televisão, Rádios e Jornais, sancionar as más práticas jornalistas e as Agências de Comunicação Social serem regulamentadas (Código de conduta e sanções claras).

Mas será que os media decidem as eleições? (…) A vida política modificou-se, passando a figurar primeiro que políticos e eleitores, jornalistas, institutos de sondagens, conselheiros políticos (spin-doctors) e agências de comunicação.Os media não estão sozinhos, nem constituem o único elemento a influir no comportamento dos eleitores nem na política. Mostrar os limites dos media não equivale a negar a sua força, mas apenas a considerá-la variável, já que certas eleições foram ganhas contra os interesses hegemónicos na comunicação social (Berlusconi, em Itália, por exemplo), por isso dizer-se que "não é a imprensa quem decide o voto dos cidadãos”.

Sobre a publicação do livro do deputado Manuel Maria Carrilho Sob o Signo da Verdade, o Conselho Regulador anunciou ter inscrito entre as prioridades da sua acção de regulação as relações entre o campo jornalístico e o campo político e económico, nas suas diferentes vertentes, nomeadamente, as que se prendem com a independência dos jornalistas face às fontes de informação e a influência das agências de comunicação na informação publicada.As questões então suscitadas e o debate público que se lhe seguiu prendem-se com aspectos de fundo da regulação dos meios de comunicação social, alguns dos quais directamente ligados a atribuições estatutariamente cometidas à ERC, nomeadamente no art. 24º, n.º 3, al. q dos Estatutos da ERC – "proceder à identificação dos poderes de influência sobre a opinião pública, na perspectiva da defesa do pluralismo e da diversidade". Assim, após uma análise aprofundada dos factos invocados, o Conselho Regulador iniciou a fase de audições de pessoas e instituições consideradas relevantes para um melhor enquadramento das questões suscitadas.

José Carlos Abrantes, provedor do DN, também se manifesta sobre a credibilidade do jornalismo, proferindo que a mais importante será o poder das agências de comunicação. Diz que “os políticos são ostracizados pela comunicação social, se a mensagem destes é deformada e se estes têm ou não possibilidades de reagir a eventuais excessos ou "atropelos" cometidos pelos jornalistas.”
Cita ainda um leitor:“Lamento ter de o dizer, mas penso que a classe jornalística foi a mais responsável pela degenerescência e generalizada degradação ocorrida, mais ainda que a classe política. Foi, a meu ver, a mais culpada por ser a mais poderosa e omnipresente. São, as duas, os maiores agentes e instigadores da crescente perversidade que domina o país.”

É necessário então que a Entidade Reguladora da Comunicação Social faça uma investigação aprofundada sobre as relações das agências com media os jornais e os jornalistas. O jornalismo, para ser credível, precisa de voltar a ganhar autonomia e credibilidade, a sua matriz de nascença. Ou será que prefere ir, lentamente, cavando a sua própria sepultura? É esta problemática que vai aumentando a cada dia com os casos como o de Manuel Maria Carrilho e o seu Sob o Signo da Verdade e a falta de mais agências de comunicação intervenientes.
“É justamente para ajudar à transparência do sector que Luís Paixão Martins, director-geral da LPM, está a preparar um código de ética para a disciplina de assessoria mediática, na actividade em conselho e relações públicas.”

AULA 19: CAMPANHA NEGATIVA NAS MÃOS DE BORIS

O filme Boris foi dirigido por Roger Spottiswoode e, mostra em 98 minutos, uma virada estratégica de três marqueteiros americanos que conseguem a impensável reeleição de Boris Yeltsin, em 1996, nas presidenciais russas.
Quando George Gorton, Dick Dresner e Joe Shumate chegam a Moscovo faltam 109 dias para as eleições e o seu candidato está com seis por cento de voto contra 30 por cento do comunista Zyuganov.
Ao longo do filme existem alguns momentos de campanha negativa:

1. Slogans como “Mantenha a Rússia em segurança (eram mostradas imagens dos massacres bolcheviques de 1917 sobre o povo russo) e “Votem no Ieltsin para bem dos vossos filhos” (cartaz colocado em frente a ex-combatentes depois destes tentarem vender as suas medalhas).


2. O facto de darem a entender que Zyuganov, candidato da oposição, queria regressar aos tempos da Idade Média e perseguir os reformistas e estagnar a economia.



3.“Pelotões da Verdade", isto é apoiantes de Yeltsin que iam aos comícios do adversário com o intuito de o vaiar.



4. Sabotagem das sondagens e publicação de uma alteração no jornal, isto para mostrar que Boris Ieltsin não estava atrás de Zyuganov com 20 pontos mas sim com um avanço de três em relação ao adversário.
AULA 18: AS CAMPANHAS NEGATIVAS NA INTERNET

A campanha negativa é uma campanha em que o candidato se empenha em “dizer mal” do adversário, revelando os defeitos do outro. O candidato deixa de se preocupar apenas em evidenciar as suas qualidades. É uma das técnicas utilizadas pelo marketing político.
Pode dizer-se então que uma candidatura política manifesta especial atenção por projectar na praça pública os defeitos e pontos fracos do seu adversário, substituindo a tradicional entrega de propaganda pelo recurso às novas tecnologias.

Existem vários pressupostos que caracterizam uma campanha negativa, como fazer uma acusação ou o tipo de linguagem utilizada (insultos e enxovalhos), sendo mesmo divulgadas em outdoors, na televisão e na Internet como rumor ou boato. “Qualquer rumor falso deve ser ignorado. Desmenti-lo apenas serve para gerar mais atenção por parte de pessoas que ainda não o ouviram. O melhor antídoto é publicar factos e números que demonstram que o rumor não é credível”.(Bernays, Edward – Propaganda, Editora Mareantes)

A partir do momento em que a Comunicação Social aborda a temática de um rumor já está a dar importância ao que não deveria ter. O espaço público mantém-se: ‘Se aparece na televisão é porque existe’. Assim, o conselheiro político, que procura ser discreto e eficaz, tem de decidir pela temporização da resposta, na medida em que o simples rumor começa a ganhar outras proporções, devido à emancipação da Internet, instrumento que facilitou a difusão de rumores.


“…Há várias caixas de e-mail cheias do essencial da campanha: boatos, boatos esses que não começaram agora e que se inserem numa táctica com contornos mais organizados do que aparentam e que já duram há algum tempo – tendo aliás, no passado recente, atingido outras pessoas de modo particularmente brutal. Já se esperava que os boatos fossem usados como arma de campanha… O PSD tem assentado o fundamental da sua acção numa campanha negativa, de contornos relativamente inéditos entre nós. Se pensarmos apenas nos outdoors, vemos que todos têm uma lógica de crítica ao PS e, pasme-se, até ao Bloco de Esquerda mas, obviamente, as mesmas campanhas estendem-se a todos os meios, como os on-line”.Boatos sempre existiram; só que têm hoje outra força com a Internet – onde cada um diz o que lhe apetece, sem se sujeitar às consequências que teria numa publicação impressa”. (Francisco Sarfield Cabral) Podemos então concluir que a campanha negativa é um factor de degradação dos políticos. Então se uma campanha positiva se faz na comunicação social, recorre muito mais aos media, pois campanhas pela positiva (um candidato valorizava os seus próprios atributos) estavam a dar lugar à campanha negra, exemplo bem explícito no nosso país: "Um rumor, um político, um jornal", João Paulo Meneses.Outro exemplo bem português é o relatado no jornal Público, acerca do presidente da Câmara da Covilhã e de calúnias sobre ele publicadas num blogue anónimo, Ssegue de perto as "revelações" de plágio atribuídas a Miguel Sousa Tavares, que se revoltou justamente contra essa deslealdade. São dois exemplos muito perto um do outro, o que revela o oportunismo de alguns que, a cobro das facilidades permitidas pela rede electrónica, perpetram crimes contra entidades ou indivíduos, podendo manchar indelevelmente a sua reputação.

Mas a capacidade humana para a inovação e imaginação é infindável. A próxima, e potencialmente mais imprevisível, zona de expansão na arte das campanhas negativas é a Internet. Na Internet, a disseminação de informação já não é restrita aos profissionais. Os jornalistas, com todas as suas restrições, estão a tornar-se apenas numa, entre muitas, fonte de informação. A fronteira entre notícias e opinião esbateu-se, provavelmente para sempre, devido à proliferação de amadores na arte das notícias na Internet (…).

O que está a explodir é a variedade de informação disponível na Internet: informação em bruto, sem filtragens e censuras. O veículo mais comum para a disseminação de notícias e opinião são os blogues, em proliferação massiva. Existem blogues de todas as tendências políticas possíveis. E se antes costumavam estar limitados a um pequeno grupo de pessoas que sentia a necessidade de apresentar as suas opiniões a um grupo que partilhava interesses semelhantes, hoje falamos de “blogosfera”. O termo foi cunhado em 1999 por Brad L. Graham, um especialista em comunicação ligado ao teatro, de St. Louis, em jeito de anedota, mas agora está referenciado na enciclopédia da Internet, a Wikipedia. Recentemente, a blogosfera foi reconhecida, embora relutantemente, pela imprensa como uma força real no espaço público.A emergência da blogosfera representa uma verdadeira mudança na dinâmica da gestão de informação, que já não se limita a uma elite de reconhecidos canais de media, estando disseminada por cada vez mais pessoas. De certa forma, pode mesmo afirmar-se que a informação está cada vez mais democratizada (o que é bom ou mau, dependendo do ponto de vista).

As eleições presidenciais no México, por exemplo, foram mais um caso de campanha negativa on-line onde "a Internet divulga agressividades pois está repleta de conotações negativas, críticas e ataques".

Já no Brasil, nas últimas eleições presidenciais(cortar), "a Internet teve um papel especial na divulgação de campanhas negativas", assim como no caso Leão Esperança em que circula on-line um e-mail cuja mensagem tem causado transtornos à própria televisão nacional: "Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores!"

Existem ainda outras campanhas de impacto como é o caso daAlemanha, onde é feito um alerta para pais que fumam:

Crianças que têm pais fumadores vão para o céu mais cedo”.
Este é o slogan da campanha de impacto criada pela agência Serviceplan para a fundação alemã Kindergesundheit (Saúde da Criança, em português) e lançada na Internet. O público-alvo desta campanha, que começou a ser veiculada em Outubro de 2006, são os pais que fumam. O primeiro anúncio mostra uma auréola de fumaça de cigarro como uma ameaça sobre a cabeça do menino. A outra peça da campanha mostra os riscos de fumar durante a gravidez.
De acordo com estudos realizados pela Kindersundheit, fumar na gravidez causa má-formação fetal, distúrbios de crescimento e morte prematura".

Ou mesmo na Espanha, onde a infancia nem sempre é um conto de fadas:
"A infância deveria ser um conto de fadas, mas, para muitas crianças, é uma história de terror".

Este é o conceito da campanha contra as várias formas de abuso infantil feita pela agência Contrapunto de Barcelona para a organização não governamental Save The Children da Espanha, que é ligada à Unicef. Nas peças de media impressa, as histórias para crianças como Branca de Neve e os Sete Anões e Alice no País das Maravilhas se transformaram em Branca de Neve e as Sete Bruxas e Alice no País dos Pesadelos. O objectivo é recrutar mais voluntários para o trabalho da ong".

Podemos então concluir que o fenómeno de canais de televisão pela Internet está a crescer, embora o blogueiro não possa aquilatar da qualidade, quantidade e sustentabilidade económica, cultural e informativa dos mesmos. Isto é, a Internet está a crescer e a aumentar a “audiência” já que mostra tudo o que todos desejam ver, inclusive todas as campanhas, essencialmente as negativas, pois são o resultado do chamamento de muitas pessoas. Na minha opinião, a Internet pode a estar a tirar ênfase à televisão já que é um meio visto a qualquer hora por qualquer pessoa que possa ter acesso a meios como o computador, o telemóvel, etc.A principal diferença está no facto de na televisão, rádio e jornais a propaganda ou lançamento das notícias ser em determinados momentos, o que está na Internet basta clicar ao instante que quiser sendo ainda privilegiado com as actualizações, daí a Internet potenciar muito mais as campanhas negativas.

AULA 17: O SOUNDBITE EM PORTUGAL

O soundbite é uma forma de manipulação da opinião pública muito simples e eficaz. É um artifício político cada vez mais curto e eficaz, ganha uma dimensão incalculável tendo em conta as ideias-chave que pode vir a transmitir. Pode ser mais do que um slogan: “são frases curtas, repetíveis, que sintetizam o pensamento dos políticos e outros oradores dos tempos actuais. Não há qualquer problema em que os soundbites ou os slogans sejam criados por publicitários ou técnicos de Marketing desde que correspondam à síntese da política global ou sectorial que encapsulam".

O soundbite é então uma imagem sonora que é transmitida e que cria no imediato uma imagem visual no receptor. Se for apreendida, o resultado do soundbite é corado de sucesso, porquanto, conseguiu chamar a atenção dos jornalistas – veículo privilegiado para chegar às massas.
É aquele conjunto de palavras que fica no ouvido, anda de boca-em-boca.

Um exemplo mais recente de soundbite aqui em Portugal é a opinião de Pacheco Pereira acerca do debate do PS e do umaninismo do PSD, onde enaltece a dificuldade das relações entre os políticos e necessidade de modificarem a sua vida partidária adaptando-as ao mundo mediático. Vejamos:

Planície Heróica
Pacheco Pereira quer caçar com um cão [à] rasca!...
José Pacheco debruçou-se, no Público, sob o título “Debate do PS e unanimismo do PSD”. O comentador pode dar-se ao luxo de afirmar o que pensava, escrevendo antes de ser conhecido o resultado das eleições: “Penso que o debate que se trava no PS o reforça e que o unanimismo no PSD o enfraquece.”

A partir daqui, o autor explanou as várias razões que o levavam a proferir este pensamento. Afirmou a necessidade dos partidos modificarem a sua vida partidária adaptando-as ao mundo mediático. Alertou os seus leitores para a potencial perversidade deste meio quando sobreleva o espectáculo em detrimento da competência e do valor das ideias expressas: “ […] a selecção natural pelo espectáculo e não pelas qualidades individuais, e a notória capacidade de os media modernos substituírem o argumento, o Logos, pelo anedotário confrontacional e pelo soundbite.[…] numa fina linha entre a vantagem democrática e a necessidade comunicacional, por um lado, e a perversão demagógica e o populismo, por outro, que tudo se decide.”Referindo-se ao PS, mostrou-se agradado pelo debate interno suscitado pela eleição em curso apesar de alguma inicial relutância em o realizar.

Pacheco Pereira, no fundo, quer ver as opiniões assumidas e debatidas pelos seus autores e não pelas fontes anónimas. A eleição no PS foi apenas um pretexto para analisar a situação interna do PSD. Pacheco Pereira quer um debate de ideias, de políticas, no seu partido. Em seu entender, o PSD e o PS sairiam reforçados deste debate público.

Diz o analista: “No PSD vive-se um período muito diferente, de grande anomia partidária, e de um unanimismo esmagador. Tudo indica que este unanimismo se concentra no "aparelho" partidário (como no PS teria acontecido se o confronto de candidaturas não tivesse dissolvido o apoio maciço do "aparelho" a Sócrates), e é bem menor entre os militantes e os eleitores do partido. O peso deste unanimismo não é de agora, dado que a tradição de debate no PSD é diferente, em parte porque há uma cultura de autoridade interna que coexiste com uma tradição de rebelião, hoje já muito enfraquecida. Este enfraquecimento, que fez desaparecer (e não mais aparecer) grupos como a Nova Esperança, acompanhou a perda progressiva das qualidades basistas do PSD, durante a direcção de Cavaco Silva, acentuando-se com Fernando Nogueira, Barroso e Santana Lopes. O processo não foi linear e houve momentos em que o debate emergiu com toda a força, como quando Barroso confrontou Nogueira no Coliseu, talvez o último momento de "popularização" da vida partidária, levada aos portugueses em geral. No entanto, quase todos os dirigentes de topo do PSD, em particular Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Santana Lopes, actuaram de forma organizada e pública em oposição às lideranças do partido. Cavaco Silva fez o mesmo num passado mais longínquo.

A conspiração, a fonte anónima, a intriga, acabam por ser aceites como naturais e pululam em recados nos jornais, como se vê em cada edição do "Expresso", ou nos jornais de recados, como pouco mais são o actual "Semanário" ou o "Diabo". A característica deste tipo de actuação é que pouco tem de político e por isso não interessa a ninguém, a não ser a um pequeno grupo de iniciados, eles próprios produtores e consumidores.

Cria-se no partido uma cultura claustrofóbica, em que se acha natural a fuga de informação, a opinião anónima, o "recado", e se ataca a opinião com nome e cara. Um exemplo típico dessa atitude é o comunicado da Comissão Política Permanente do PSD-Porto contra Marcelo Rebelo de Sousa, queixando-se da "crescente agressividade e despropositada animosidade que semanalmente expressa relativamente ao partido, seus dirigentes e militantes", e as "críticas injustas e desproporcionadas" que tem "sucessivamente emitido acerca da personalidade e desempenho dos membros do Governo", em particular Santana Lopes. Esta atitude é errada (…).

Seria por isso positivo, inclusive face a um novo Congresso, que o partido abrisse um debate franco nas suas fileiras, nos seus meios de comunicação, nas suas páginas electrónicas, sobre matérias tão cruciais para o seu futuro como sejam a política de coligação com o PP, os aspectos da governação, a estrutura organizativa, o futuro da JSD e TSD, a modernização do seu Programa e dos Estatutos, sem que tal debate se faça, logo à cabeça, associado a listas, delegados, moções e lideranças.”

A vida política em Portugal anda pelas ruas da amargura. Questione-se, sob o efeito de um qualquer ‘soro da verdade’, a razão que leva um cidadão a tornar-se militante de um partido.

Erraríamos muito se concluíssemos que uma larga maioria destes cidadãos persegue interesses pessoais? Seríamos injustos se afirmássemos que a sua argumentação pouco passaria de lugares comuns e de coscuvilhices desinteressantes? Não. Globalmente não seríamos injustos…Podem ter-se discutido estratégias políticas, podem ter-se discutido linhas políticas mas, basicamente, os militantes avaliaram qual dos candidatos seria mais permeável aos seus interesses e qual seria um potencial primeiro-ministro. Sócrates deu mais garantias nesse aspecto aos militantes. Não definiu qualquer política de alianças e, a avaliar pelos seus apoiantes, não atacará os baronetes instalados. Haverá ‘fartar de vilanagem’.

E este é um erro básico de Pacheco Pereira. Ninguém está, dentro dos partidos, interessado em discutir nada. Nos partidos quer-se paz, concórdia e… tachos! "A perda progressiva das qualidades basistas do PSD”, como diz o autor, não se deve à liderança deste ou daquele líder. Deve-se ao exercício do poder nos moldes em que ele se faz no nosso país.