Friday, May 25, 2007

AULA 18: AS CAMPANHAS NEGATIVAS NA INTERNET

A campanha negativa é uma campanha em que o candidato se empenha em “dizer mal” do adversário, revelando os defeitos do outro. O candidato deixa de se preocupar apenas em evidenciar as suas qualidades. É uma das técnicas utilizadas pelo marketing político.
Pode dizer-se então que uma candidatura política manifesta especial atenção por projectar na praça pública os defeitos e pontos fracos do seu adversário, substituindo a tradicional entrega de propaganda pelo recurso às novas tecnologias.

Existem vários pressupostos que caracterizam uma campanha negativa, como fazer uma acusação ou o tipo de linguagem utilizada (insultos e enxovalhos), sendo mesmo divulgadas em outdoors, na televisão e na Internet como rumor ou boato. “Qualquer rumor falso deve ser ignorado. Desmenti-lo apenas serve para gerar mais atenção por parte de pessoas que ainda não o ouviram. O melhor antídoto é publicar factos e números que demonstram que o rumor não é credível”.(Bernays, Edward – Propaganda, Editora Mareantes)

A partir do momento em que a Comunicação Social aborda a temática de um rumor já está a dar importância ao que não deveria ter. O espaço público mantém-se: ‘Se aparece na televisão é porque existe’. Assim, o conselheiro político, que procura ser discreto e eficaz, tem de decidir pela temporização da resposta, na medida em que o simples rumor começa a ganhar outras proporções, devido à emancipação da Internet, instrumento que facilitou a difusão de rumores.


“…Há várias caixas de e-mail cheias do essencial da campanha: boatos, boatos esses que não começaram agora e que se inserem numa táctica com contornos mais organizados do que aparentam e que já duram há algum tempo – tendo aliás, no passado recente, atingido outras pessoas de modo particularmente brutal. Já se esperava que os boatos fossem usados como arma de campanha… O PSD tem assentado o fundamental da sua acção numa campanha negativa, de contornos relativamente inéditos entre nós. Se pensarmos apenas nos outdoors, vemos que todos têm uma lógica de crítica ao PS e, pasme-se, até ao Bloco de Esquerda mas, obviamente, as mesmas campanhas estendem-se a todos os meios, como os on-line”.Boatos sempre existiram; só que têm hoje outra força com a Internet – onde cada um diz o que lhe apetece, sem se sujeitar às consequências que teria numa publicação impressa”. (Francisco Sarfield Cabral) Podemos então concluir que a campanha negativa é um factor de degradação dos políticos. Então se uma campanha positiva se faz na comunicação social, recorre muito mais aos media, pois campanhas pela positiva (um candidato valorizava os seus próprios atributos) estavam a dar lugar à campanha negra, exemplo bem explícito no nosso país: "Um rumor, um político, um jornal", João Paulo Meneses.Outro exemplo bem português é o relatado no jornal Público, acerca do presidente da Câmara da Covilhã e de calúnias sobre ele publicadas num blogue anónimo, Ssegue de perto as "revelações" de plágio atribuídas a Miguel Sousa Tavares, que se revoltou justamente contra essa deslealdade. São dois exemplos muito perto um do outro, o que revela o oportunismo de alguns que, a cobro das facilidades permitidas pela rede electrónica, perpetram crimes contra entidades ou indivíduos, podendo manchar indelevelmente a sua reputação.

Mas a capacidade humana para a inovação e imaginação é infindável. A próxima, e potencialmente mais imprevisível, zona de expansão na arte das campanhas negativas é a Internet. Na Internet, a disseminação de informação já não é restrita aos profissionais. Os jornalistas, com todas as suas restrições, estão a tornar-se apenas numa, entre muitas, fonte de informação. A fronteira entre notícias e opinião esbateu-se, provavelmente para sempre, devido à proliferação de amadores na arte das notícias na Internet (…).

O que está a explodir é a variedade de informação disponível na Internet: informação em bruto, sem filtragens e censuras. O veículo mais comum para a disseminação de notícias e opinião são os blogues, em proliferação massiva. Existem blogues de todas as tendências políticas possíveis. E se antes costumavam estar limitados a um pequeno grupo de pessoas que sentia a necessidade de apresentar as suas opiniões a um grupo que partilhava interesses semelhantes, hoje falamos de “blogosfera”. O termo foi cunhado em 1999 por Brad L. Graham, um especialista em comunicação ligado ao teatro, de St. Louis, em jeito de anedota, mas agora está referenciado na enciclopédia da Internet, a Wikipedia. Recentemente, a blogosfera foi reconhecida, embora relutantemente, pela imprensa como uma força real no espaço público.A emergência da blogosfera representa uma verdadeira mudança na dinâmica da gestão de informação, que já não se limita a uma elite de reconhecidos canais de media, estando disseminada por cada vez mais pessoas. De certa forma, pode mesmo afirmar-se que a informação está cada vez mais democratizada (o que é bom ou mau, dependendo do ponto de vista).

As eleições presidenciais no México, por exemplo, foram mais um caso de campanha negativa on-line onde "a Internet divulga agressividades pois está repleta de conotações negativas, críticas e ataques".

Já no Brasil, nas últimas eleições presidenciais(cortar), "a Internet teve um papel especial na divulgação de campanhas negativas", assim como no caso Leão Esperança em que circula on-line um e-mail cuja mensagem tem causado transtornos à própria televisão nacional: "Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores!"

Existem ainda outras campanhas de impacto como é o caso daAlemanha, onde é feito um alerta para pais que fumam:

Crianças que têm pais fumadores vão para o céu mais cedo”.
Este é o slogan da campanha de impacto criada pela agência Serviceplan para a fundação alemã Kindergesundheit (Saúde da Criança, em português) e lançada na Internet. O público-alvo desta campanha, que começou a ser veiculada em Outubro de 2006, são os pais que fumam. O primeiro anúncio mostra uma auréola de fumaça de cigarro como uma ameaça sobre a cabeça do menino. A outra peça da campanha mostra os riscos de fumar durante a gravidez.
De acordo com estudos realizados pela Kindersundheit, fumar na gravidez causa má-formação fetal, distúrbios de crescimento e morte prematura".

Ou mesmo na Espanha, onde a infancia nem sempre é um conto de fadas:
"A infância deveria ser um conto de fadas, mas, para muitas crianças, é uma história de terror".

Este é o conceito da campanha contra as várias formas de abuso infantil feita pela agência Contrapunto de Barcelona para a organização não governamental Save The Children da Espanha, que é ligada à Unicef. Nas peças de media impressa, as histórias para crianças como Branca de Neve e os Sete Anões e Alice no País das Maravilhas se transformaram em Branca de Neve e as Sete Bruxas e Alice no País dos Pesadelos. O objectivo é recrutar mais voluntários para o trabalho da ong".

Podemos então concluir que o fenómeno de canais de televisão pela Internet está a crescer, embora o blogueiro não possa aquilatar da qualidade, quantidade e sustentabilidade económica, cultural e informativa dos mesmos. Isto é, a Internet está a crescer e a aumentar a “audiência” já que mostra tudo o que todos desejam ver, inclusive todas as campanhas, essencialmente as negativas, pois são o resultado do chamamento de muitas pessoas. Na minha opinião, a Internet pode a estar a tirar ênfase à televisão já que é um meio visto a qualquer hora por qualquer pessoa que possa ter acesso a meios como o computador, o telemóvel, etc.A principal diferença está no facto de na televisão, rádio e jornais a propaganda ou lançamento das notícias ser em determinados momentos, o que está na Internet basta clicar ao instante que quiser sendo ainda privilegiado com as actualizações, daí a Internet potenciar muito mais as campanhas negativas.

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