Os pseudo-acontecimentos baseiam-se em algo artificial, numa (falsa) realidade criada por alguém que tem aí o seu interesse. São o grau máximo de sofisticação que os protagonistas têm para que os jornalistas lhes prestem atenção. Há uma realidade construída onde os factos são inventados, não são reais; isto em função de criar notícias positivas com valor mediático.Tal como defende Estrela Serrano no livro “As Presidências Abertas de Mário Soares”: os pseudo-acontecimentos “não são espontâneos; surgem porque foram planeados sendo o seu sucesso medido pela amplitude da sua cobertura (...)”.
Um exemplo bem expressivo é o caso do Parque da Cidade do Porto.
A polémica transforma-se assim em duas debilidades: “a cidade do cimento e a obra cuja licença não existia. Isto a um ano e meio das eleições”, continua Custódio Oliveira.
Entretanto, a estratégia mudava. O Presidente da Câmara deixou de falar no assunto do momento e começou a mostrar mais interesse no contrário, em não compor a cidade de cimento, falando no Parque da Cidade e na auto-estrada que era suposto passar no meio do Parque. Houve então desvio de atenções, estratégia de comunicação.
O próprio assessor de imprensa do presidente da Câmara na altura clarifica “decide-se apostar forte no Parque da Cidade”, havendo mesmo reunião com arquitectos famosos, entre os quais Siza Vieira que ajudam no assunto. As decisões começam a aparecer: a avenida não passaria pelo meio do Parque e este não seria construído em frente ao mar devido à existência das muitas casa. Esta era já a Ideia do Verde, a ocupação do espaço mediático.
Ocupar o espaço mediático pressupõe ter importância, ter notoriedade e algo para dizer. É ter um discurso envolvido, ser ‘visível’… para poder cativar o jornalista! Isto porque o espaço mediático, sendo extremamente disputado, é finito, o que permite desde já perceber a importância dos protagonistas ‘caberem’ (sempre que possível) nesse mesmo espaço.
Houve então quinhentos actos de comunicação, onde até helicópteros mostravam o tanto verde aos jornalistas. “Qualquer técnico o faria”.
“Uma das coisas mais positivas do Porto e do mandato de Fernando Gomes é a construção do Parque da Cidade que é filho do buraco do Bom Sucesso”, conclui Custódio Oliveira.
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